No dia 07 de setembro comemoramos a Independência do Brasil, que aconteceu em 1822. Um grande marco deste dia foi o grito da independência às margens do Rio Ipiranga (São Paulo), realizado pelo Príncipe Pedro de Alcântara (D. Pedro I, durante o Primeiro Reinado). Após ter a independência declarada, o Brasil tornou-se uma monarquia com a coroação de D. Pedro I.
Vamos recapitular o processo de Independência do Brasil?
Para entendermos a Independência do Brasil precisamos recapitular o que aconteceu na Europa, no início do século XIX. Nesse período, Napoleão Bonaparte dominava quase todo território europeu e tinha a Inglaterra como principal rival.
Em 1806, Napoleão Bonaparte determinou que as nações europeias fechariam seus portos para as embarcações inglesas, tendo como objetivo o enfraquecimento econômico da Inglaterra. Essa tomada de decisão ficou conhecida como o Bloqueio Continental. Porém, Portugal não desejava romper as relações com a Inglaterra, pois era um parceiro comercial muito importante para o país.
Em 1808, D. João VI, Príncipe-Regente de Portugal, decidiu então transferir a corte portuguesa para o Brasil, pois isso garantiria aos Ingleses o acesso ao mercado brasileiro e a manutenção de sua coroa.
Embarque da família real portuguesa no dia 29 de novembro de 1807, em Belém, Lisboa. |
A chegada da família Real ao Brasil ocasionou uma série de mudanças, contribuindo para o desenvolvimento comercial, social, cultural e econômico. Estas mudanças possibilitaram a independência do Brasil mais a frente e, por esse motivo, alguns historiadores consideram que a independência do Brasil já teria acontecido com a chegada da família real.
Outras decisões foram destacadas pelo jornalista Chico Castro:
Tomou providências, um ano após a sua chegada, para que houvesse interesse pela educação e literatura brasileiras no ensino público, abrindo vagas para professores. Instalou na Bahia uma loteria para arrecadar fundos em favor da conclusão das obras do teatro da cidade; mandou estabelecer em Pernambuco a cadeira de Cálculo Integral, Mecânica e Hidromecânica e um curso de Matemática para os estudantes de Artilharia e Engenharia da capitania; isentou do pagamento de direitos de entrada em alfândegas brasileiras de matérias-primas a serem manufaturadas em qualquer província e criou, pela primeira vez no país, um curso regular de língua inglesa na Academia Militar do Rio de Janeiro.
CASTRO, Chico. A Noite das Garrafadas. Brasília: Senado Federal, 2013, p. 33 e 34.
Em 1815, D. João eleva o Brasil à condição de Reino Unido. Ou seja, o Brasil havia deixado de ser colônia e passava a ser parte do reino de Portugal.
No Brasil, nem todos concordavam com a presença da corte portuguesa, pois os impostos cobrados para sustentar a família real estavam cada vez maiores. Nasce então um dos principais episódios de revolta, que foi a Revolução Pernambucana, em 1817. A Revolução Pernambucana foi reprimida violentamente pela coroa.
Em 1820, Portugal vivia uma forte crise política e econômica, como consequência da invasão francesa. A burguesia portuguesa, inspirada em ideais liberais, inicia então a Revolução Liberal do Porto. O movimento da Revolução Liberal do Porto exigia o retorno do Rei D. João VI, a instituição de uma Constituição para Portugal e o retorno do Brasil à condição de colônia.
Em abril de 1821, D. João VI retorna a Portugal e deixa seu filho herdeiro D. Pedro como regente do Brasil. Nesta viagem, D. João VI leva consigo uma grande quantidade de ouro e diamantes que estavam nos cofres do Banco do Brasil e cerca de quatro mil pessoas também retornaram a Portugal.
Um instituição chamada "Cortes portuguesas" surgiu com a Revolução do Porto. As Cortes Portuguesas tomaram medidas muito impopulares para o Brasil, como exigência de transferência das principais instituições criadas durante o Período Joanino para Portugal, o envio de tropas para o Rio de Janeiro e a exigência de retorno do Príncipe regente para Portugal. Essas medidas somadas à intransigência dos portugueses no decorrer das negociações com os representantes brasileiros era de grande desrespeito com relação ao Brasil e ao povo brasileiro. Isso fez com que a resistência dos brasileiros com os portugueses aumentasse.
Em dezembro de 1821, chegou uma ordem ao Brasil, exigindo o retorno de D. Pedro para Portugal, provocando então uma reação instantânea no Brasil. Porém, em janeiro de 1822, durante uma audiência do Senado, um documento com mais de 8 mil assinaturas foi entregue a D. Pedro, onde requeria-se a permanência do príncipe regente no Brasil. Supostamente, o ocorrido serviu como principal motivação para que D. Pedro dissesse as seguintes palavras:
“Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico”
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 189.
O rompimento com Portugal fica ainda mais provável em maio, quando foi decretada uma importante medida no Brasil: O cumpra-se. De acordo com essa norma, uma lei promulgada em Portugal só valeria se D. Pedro a tornasse válida no Brasil.
Portugal insiste em manter o seu domínio sobre o Brasil e envia uma ordem para que o príncipe regente volte a Portugal. Em 28 de agosto de 1822, a Princesa Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro, recebe a ordem emitida de Portugal e se convence sobre o rompimento.
A Princesa convoca então uma sessão extraordinária do Conselho de Estado, onde ela assina a declaração de independência e envia a D. Pedro, que havia viajado para São Paulo. D. Pedro recebe a carta no dia 7 de setembro, quando estava às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.
Acredita-se então que, nesse momento, D. Pedro tenha gritado a famosa frase "Independência ou morte", mas não existem evidências históricas que comprovem isto.
Acredita-se então que, nesse momento, D. Pedro tenha gritado a famosa frase "Independência ou morte", mas não existem evidências históricas que comprovem isto.
D. Pedro e multidão após a proclamação de independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1822. Pintura de Pedro Américo (1888). |
Diferente do que muitas pessoas acreditam, a independência do Brasil não aconteceu de maneira pacífica. Com a proclamação da independência, muitas regiões brasileiras demonstraram insatisfação e rebelou-se contra o processo de independência. movimentos "não-adesistas" eclodiram nas províncias que não aderiram ao processo de independência e que se mantiveram leais a Portugal. As províncias de Pará, Bahia, Maranhão e Cisplatina (atual Uruguai). Aconteceram campanhas militares e combates contra as forças que não aderiram à independência nestas localidades, estendendo-se até 1824.
Outras consequências se deram após a Independência do Brasil, dentre elas podemos destacar:
- Estabelecimento de uma monarquia nas Américas;
- O Brasil enquanto nação independente;
- Construção da nacionalidade brasileira;
- Endividamento do Brasil por meio de um pagamento de 2 milhões de Libras Esterlinas como indenização aos portugueses.
Resumidamente, estes foram os principais acontecimentos que levaram à independência do Brasil:
- 1808: A chegada da família real no Brasil;
- 1815: A elevação do Brasil à condição de Reino Unido;
- 1817: Revolução Pernambucana;
- 1820: A Revolução Liberal do Porto;
- 1821: D. João VI retorna a Portugal;
- 9 de janeiro de 1822: "Dia do Fico" no Brasil;
- 07 de setembro de 1822: Proclamação da independência do Brasil.
Referências
CASTRO, Chico. A Noite das Garrafadas. Brasília: Senado Federal, 2013, p. 33 e 34.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 189 e 212.
Napoleão Bonaparte. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Napoleão_Bonaparte. Acesso em 07 de setembro de 2019.
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